Custo
tentar entender pelo menos parte de minha vida agora, mas é como tentar prender
a leve brisa que me toca o rosto, como tentar fazê-la ser minha, só minha, é
simplesmente inútil tentar fazer com que as coisas se iluminem para mim e de
repente eu ache uma saída.
É
difícil imaginar que se quer algo demais a ponto de passar por cima de sua
própria natureza, renunciar seus princípios, ver todo seu ser não se negar um
só instante a ser o contrário de sua índole, desde o inicio, desde sempre.
Ver-se entregar-se todo a um amor do qual a única coisa que você sabe é que
dele não se sabe nada e muito menos se pode prever alguma coisa.
Difícil
mesmo é perceber que por mais doloroso, por pior que seja, por mais angustiante
e irreal que ele possa parecer, é esse amor que eu quero, que tudo em mim quer.
E mesmo que minha razão tente gritar que não é assim até ela se comove com a
força de tudo isso, e percebe que seus gritos de lucidez passaram a ser
sussurros desesperados sem a menor importância.
A dor
que sinto é surpreendentemente quente e acolhedora e tenho certeza que é isso
que me faz conseguir suportá-la. A dor que sinto é assim porque ela surge do
mesmo meio que tem saído minhas alegrias, da mesma fonte que tem saído meus
sorrisos mais sinceros, meus desejos mais profundos. O mesmo amor que me traz
felicidade incontestável deixa em mim marcas de momentos apavorantes.
Às
vezes é preciso escrever pra se entender as coisas. Agora eu entendo que
desistir agora vai ser jogar todas as minhas lágrimas fora, vai ser esquecer
todas as vezes que certos lábios tocaram os meus, que certo sorriso me fez de
refém, que determinado par de olhos me trancou de vez num sentimento que jamais
sairei.
Mas
também me fez entender que eu não posso mais me torturar, que eu não posso mais
me deixar passar por esse tormento, não posso fechar os olhos pra dor e agonia.
Tudo
passa, se você deixar que passe. Não quero deixar que coisas boas decorram, mas
farei se as coisas ruins continuarem.
Afinal
eu sei que quem muita dá um dia muito terá de volta.
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