quinta-feira, 8 de novembro de 2012

23 de junho de 2012

Custo tentar entender pelo menos parte de minha vida agora, mas é como tentar prender a leve brisa que me toca o rosto, como tentar fazê-la ser minha, só minha, é simplesmente inútil tentar fazer com que as coisas se iluminem para mim e de repente eu ache uma saída.
É difícil imaginar que se quer algo demais a ponto de passar por cima de sua própria natureza, renunciar seus princípios, ver todo seu ser não se negar um só instante a ser o contrário de sua índole, desde o inicio, desde sempre. Ver-se entregar-se todo a um amor do qual a única coisa que você sabe é que dele não se sabe nada e muito menos se pode prever alguma coisa.
Difícil mesmo é perceber que por mais doloroso, por pior que seja, por mais angustiante e irreal que ele possa parecer, é esse amor que eu quero, que tudo em mim quer. E mesmo que minha razão tente gritar que não é assim até ela se comove com a força de tudo isso, e percebe que seus gritos de lucidez passaram a ser sussurros desesperados sem a menor importância.
A dor que sinto é surpreendentemente quente e acolhedora e tenho certeza que é isso que me faz conseguir suportá-la. A dor que sinto é assim porque ela surge do mesmo meio que tem saído minhas alegrias, da mesma fonte que tem saído meus sorrisos mais sinceros, meus desejos mais profundos. O mesmo amor que me traz felicidade incontestável deixa em mim marcas de momentos apavorantes.
Às vezes é preciso escrever pra se entender as coisas. Agora eu entendo que desistir agora vai ser jogar todas as minhas lágrimas fora, vai ser esquecer todas as vezes que certos lábios tocaram os meus, que certo sorriso me fez de refém, que determinado par de olhos me trancou de vez num sentimento que jamais sairei.
Mas também me fez entender que eu não posso mais me torturar, que eu não posso mais me deixar passar por esse tormento, não posso fechar os olhos pra dor e agonia.
Tudo passa, se você deixar que passe. Não quero deixar que coisas boas decorram, mas farei se as coisas ruins continuarem.
Afinal eu sei que quem muita dá um dia muito terá de volta. 

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