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       Acho que as piores sensações que eu posso sentir é a de estar perdida emocionalmente e de sentir que, de alguma forma, estou fazendo mal à alguém que eu amo. 

       Não saber o que fazer, não entender o que estou sentindo, não discerni o que está me atingindo, por que está, o que fazer, o que? Se sentir perdida nos próprios sentimentos, não conseguir ter uma visão clara, ter medo, medo de perder, medo de sofrer, medo de agir e me arrepender, confusão, agonia, pesar... Ver as coisas acontecerem, se alterarem, mudarem em sua e frente e não fazer a menor ideia do que está acontecendo. Perder o controle, sufocar-se em meus próprios pensamentos, emoções, sentimentos, pesares. 

       Reagir, diante de tudo, e ainda achar que é uma pessoa horrível, que não fez a coisa certa, que não ajudou, que não segurou, não apoiou, não ouviu. Se sentir mal por achar que podia ter respirado fundo, como quase sempre e ter sido mais forte por alguém que amo e que sei que vou continuar amando. 

         Ser pisciana e segurar a barra é tão difícil, e eu tenho tentado tanto, e eu tenho conseguido. Mas ninguém é fortaleza todo tempo e chegou a minha vez de deixar essa fortaleza ruir, mesmo doendo, mesmo sentindo por isso, mesmo chorando, mesmo se vendo completamente fraca... e perdida. Infelizmente as vezes os sentimentos falam muito mais alto do que o que a gente queria que fosse. 

Sentimentos são a linguagem da alma...

        Uma das maiores tolices do homem é achar que controla – de alguma forma – os sentimentos. Acontece que o que a gente sente não tem nada de racional para poder ser controlado, modificado, moldado pela mente. Os sentimentos são a alma conversando com a gente. É a expressão máxima de nós mesmos nos dizendo de maneira clara qual é, naquele momento, as reações que nossa alma tem à determinados estímulos!

    Alegria, segurança, encanto, felicidade, rancor, ansiedade, saudade, medo, euforia, tristeza, chateação, certeza, decepção, tranquilidade, orgulho, paixão, amizade, irmandade, coragem, preguiça, dúvida alívio, paciência, amor! É sempre sua alma falando com você! 

     Que eu tenha as condições para entender, a sabedoria para compreender e a força para agir conforme o que vai estar constantemente restaurando o DNA de minha alma!

É uma energia/alegria que não dá para descrever...

Terça à noite, saio e encontro velhas(os) conhecidas(os);  velhas(os) e novas(os) amigas(os).  Na porta de uma academia de Jiu-jtsu, esperamos todos chegarem. O clima é mais que familiar, é um clima em família. Alunos meus ali comigo como colegas, alguns monitores. Amigos de infância lembrando nostálgicas e felizes histórias. Já há, ali, uma energia.

"Pronto, todos aqui! Vamos começar". Entramos....

Entre piadas e risos, roda formada, o treino começa.

Nessa hora meu coração já está em êxtase; aquilo que um dia sempre sonhei viver/praticar agora faz parte dos meus dias. Um celular no canto da sala começa a tocar, não são os instrumentos, não ainda, mas sinceramente nesse momento nem precisa. Aquele axé, o som afro do atabaque, invade meus ouvidos, me toma e me mostra que sim, na Senzala, também está minha casa. O som de meu povo é facilmente identificado pelo meu sangue, que responde pulsante ao som dos berimbaus, agogôs e pandeiros.

Esquiva, benção, meia-lua, base!

Preciso confessar, meu corpo entende menos todos aqueles movimentos e energia que minha mente e minha alma; o que pouco me importa agora – já que  isso o tempo cura. Uma roda, a energia toda em volta, uma conversa e mais uma vez a certeza de que tardou, mas encantou. Uma despedida, todos juntos:

"Salve, Capoeira!"

"Salve!"