Amanheceu. No céu
um sol que insiste todos os dias em reaparecer, é fiel em sua graça de iluminar
a estes, transmite sua energia de forma, por vezes, contagiante. No ar a
sensação de limpeza, as leves brisas, os ventos subtropicais. O som gostoso de pássaros a cantar feliz e
lindamente, sons que invadem os ouvidos e ganham timbres, suavidades, cores,
danças, tornando tudo um imenso espetáculo. Amanheceu, e em meio a tantas
glórias e maravilhas, percebo que também amanheceu o “Eu”.
Aquele que
naturalmente tende a absorver aquilo que o ambiente em que está inserido emana,
aquele que sente mais do que qualquer outro, aquele que sofre da forma mais
profunda que puder, que se importa da maneira mais pura com os seres que estão
ao seu redor e principalmente com toda sintonia de tudo que há. O mesmo que
consegue perdoar com uma facilidade incrível. Que esquece muito facilmente as desavenças.
Procura o estado mais tranqüilo de espírito, busca reproduzi-lo, e do qual me
orgulho muito.
Acrescenta-se
a isso toda facilidade de, naturalmente, desliga-se de tudo, passar por
realidades, possibilidades, mundos. Mesmo que por vezes isso não seja aceito,
bem visto, querido, por tantos outros “eu’s”, de tantos outros seres. Carregando
sempre a certeza de que a individualidade, tanto sua quanto de tantos outros, é
o que move, que faz possível, toda roda das relações humanas, interpessoais, espirituais.
Aceitando o seu caminho e sempre defendendo que o caminho do outro, mesmo sendo
diferente do seu, merece respeito e condições de ser seguido, contanto que
ambos, nem o seu, nem o do outro, atinja a qualquer caminho por qualquer indivíduo
trilhado.
E antes de
tudo, o “eu” que sabe que tantos outros “eu’s” estarão por vir, e que tantas
muitas outras coisas a si serão inseridas, que tem consciência de que a
evolução é válida, querida e necessária, e que ama toda a dança da alma,
tomando-a para si como a maior representação de sua existência.
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