Não sei a sua alma, mas a minha, ah a minha, ela viaja por tantos lugares, tantos planos, como se nada a prendesse aqui, neste espaço, nesse tempo. Como se não houvesse nada mais natural do que flutuar levemente por ai, como uma bolha de sabão, mas sem a explosão – pelo menos “física”. O corpo não, ele é preso. Ele não é nada além de uma prisão da alma que é, por si só, livre. Mas ai é que está a graça, o bonito e, acima de tudo, o segredo de alimentar a alma.
Quando ela ganha a força necessária ela é capaz de romper com qualquer barreira física que a sua prisão natural impõe e então o corpo passa a ser instrumento de experimentação. É quando um toque é muito mais do que o simples roçar de pele. É quando a respiração passa a ser muito mais do que algo essencial para a sobrevivência, quando um simples arrepio pode ser a melhor sensação que você já teve e quando você entende, finalmente, que nada é mais bonito do que o encontro de duas almas, através de seus corpos, que não são nada além do que meros instrumentos.
Quando não há distância, quando a saudade deixa de doer, quando a vida fica leve e a dor é só uma lembrança. Alimentar a alma é o maior remédio pra vida e o maior preparo para aquilo que chamamos de morte e que, sem saber do que se trata, julgamos ser tão ruim – pra mim pode ser apenas a libertação da alma... e quem sabe a passagem direta para a felicidade.
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